"O nosso livro"
Hoje, dei por mim a pensar que o nosso Blog é como um livro aberto, transparente e desejoso que se lembrem dele e lhe prestem alguma atençâo, cada vez mais!
Pois, para alguns leitores, parecerá "A conversa da treta", "O bater no ceguinho", mas não. Este escrito está direccionado para outra vertente.
Todos nós, assim o creio, gostamos e desejamos "saber conservar algo, pelo menos, da nossa alma de criança". Hoje, ao abrir este blog, senti-me, como uma criança ao abrir um livro para começar a lê-lo, muito entusiasmada e ansiosa para ver que novidades havia nesse "livro". Deposito muitas expectativas sempre que entro no nosso blog. E, não posso deixar de dizer, com algum desapontamento, que percebi que não havia nem artigos nem comentários novos...É, na avidez de ler artigos novos, que me comparo às crianças, embora percepcione o risco que corro por actualmente quase não existir o prazer de ler, pelo menos entre a maioria das crianças.
Apesar de todos o saberem, nunca é demais repeti-lo: Quanto mais participantes este nosso livro tiver, mais belo, educativo, recreativo e completo o será (embora saibamos que sem nunca atingir a plenitude, mas o facto de ambicioná-la já é, por si, deveras louvável).
Leia-se, leia-se muito! Por mim falo, ao manifestar o quanto lamento ter descurado e até ter perdido o delicioso hábito de ler, que tinha na minha adolescência... Talvez seja uma das diversas funções ou "aplicações" da aposentação, em paralelo com a rápida aproximação da 3ª idade.
Saibamos, envelhecer. Rectifico, saibamos tornar-nos menos jovens.
Saudações "infantis" de
Maria da Graça
O Sr. Bateira lavrador e proprietário de meia idade era um braço de ferro e desde sempre os trabalhos agrícolas não tinham para ele segredo. Tinha ido para o Brasil onde não fez fortuna mas ganhou uns trocados e comprou umas terras quando regressou de lá no Vapor. Tinha caseiros para o amanho das propriedades, na condição do chão ser a meias e o ar de terço, (entenda-se “chão” por terra lavradia; “ar” era o rendimento de árvores que estavam nas bordaduras dos campos: videiras, oliveiras e outras árvores de fruto tais como macieiras, pereiras, cerejeiras etc.). Era um homem de cerne que não tinha palha na cama. Mal o galo dava os primeiros acordes, zás, fora da enxerga, mesmo em dias de codo. Era um monteiro de todos os costados.
Tinha combinado com o seu caseiro Gaspar, no dia anterior, fazer uma roçada para o monte do Grou. Mal o relógio do campanário bateu as três da matina, hei-los a caminho da tapada, ao luar, que ainda ficava distante. Enxadas roçadoiras às costas, socos ferrados a tachotes com chapa protectora na biqueira, calças de cotim coçadas, as de Gaspar com testeiras, palhoças e polainas de junco, um taleigo remendado onde levavam o almeiro basicamente constituído por broa e dois ossos de porco com carne (mais osso do que carne) e uma pitada de cachaça brava que até fazia saltar as órbitas! Pelo sim, pelo não, o Sr. Bateira, homem experiente, tinha olhado para o céu e notado uma pequena nuvem cinzenta que podia descambar em chuva e então fez-se acompanhar do guarda-chuva de 12 varas que o guarda-soleiro tinha consertado na semana passada quando passou lá pela aldeia.
O mato arnal, outro gatanho, algumas giestas e codessos também, tudo roçado com a força braçal e conjugada na mestria de dois profissionais que tinham o serviço devidamente sincronizado. A mulher do caseiro e o filho tinham aposto o gado (a Cabana e a Ramalha também madrugaram) e chegaram ali, conforme o combinado, com o “carro das vacas” ao amanhecer! Mato cortado e devidamente acamado em paveias, eram dois a carregar com os forcados, e o moço de chancas para melhor pisar o mato, em cima do carro com o engaço a colocar a carga bem distribuída no chadeiro entre os estadulhos, enquanto a mulher à frente das vacas devidamente protegidas com os barbilhos para estarem sossegadas. Bem amarrado com a comprida corda que enlaçava nos tornos por baixo das chedas, lá vão até à aldeia, Gaspar à soga, por caminhos travessos e estreitos numa sonora chiadeira que saía das cantadoiras e dos cocões denunciando a carrada. Descarregaram no quinteiro, as vacas foram desapostas e metidas na corte onde tinham um braçado de pendão na manjedoura e alguma ferrã. O pessoal foi merecidamente meter pró papo umas buchas acompanhadas com uma infusa de carrascão que a mulher do Sr. Bateira tinha preparado;. A manhã já ia avançada, e a satisfação de terem ali o mato para a cama do gado e sobretudo para o fabrico do estrume para a terra, fonte de riqueza, estava estampada nas conversas entrecruzadas que saíam em catadupa só interrompidas alternadamente quando a infusa ia às goelas destes naturalistas. Ao lado o podengo também rilhava umas ossadas recozidas que lhe tinham posto num covilhete. Ele afinal também tinha ido para o monte, era como se fosse mais um da família!...
“Por mares nunca de antes navegados” dizia o Camões nos Lusíadas no primeiro canto.
Esta minha crónica, com um fundo real, pode também dizer-se que aconteceu “por terras antes navegadas (trabalhadas)”, pois tudo isto na nossa geração passou à história num ápice!
Fiquem bem, antonio
A Avenida dos Aliados como hoje a vi!
Tendas para exposição de plantas segundo um trabalhador. Ora bolas os jardins que havia naquele local enchiam o olho, não havia necessidade de terem feito o que fizeram. Vêm agora com engodos de exposições!...
(antonio)
Alguma biografia
SÃO PEDRO - SANTO CATÓLICO - 1º PAPA
São Pedro (segundo a tradição teria morrido em cerca de (67 d.C.) e foi um dos doze Apóstolos de Jesus Cristo. O seu nome original não era Pedro, mas sim Simão. Cristo apelidou-o de Petros - Pedro, nome grego, masculino, derivado da palavra "petra", que significa "Pedra" ou "rocha". Pedro tem uma importância central na teologia católico-romana. É considerado o príncipe dos apóstolos e o fundador, junto com São Paulo, da Igreja de Roma (a Santa Sé), sendo-lhe reconhecido ainda o título de primeiro Papa . Para as outras denominações cristãs, Pedro também teve uma grande importância, devido às suas epístolas, porém não recebe o mesmo tipo de tratamento da Igreja Católica.
Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão Pedro era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum. ".
De acordo com os Evangelhos, Simão foi o primeiro dos discípulos a professar a fé de que Jesus era o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro - a pedra basilar da nova crença e a dar-lhe as chaves do Reino do Céu. É por esta razão que São Pedro é, geralmente representado com chaves na mão e a tradição apresenta-o como porteiro do Paraíso.
Um abraço da Porcina
Marina do Freixo (Porto)
Brinquedos de gente com graveto, mas que a imagem enche o olho é verdade!
Ao fundo Valbom, com destaque de aberrações urbanísticas, do lado esquerdo encoberto fica o Palácio do Freixo.
(antonio)
Espaço de Provérbios
"Quem conta um conto aumenta um ponto..."
Acho que ainda vou a tempo de contar-vos uma história verídica, passada há cinquenta e sete anos. Não que eu queira revelar a minha data de nascimento, mas como tem a sua piada aqui vai: nasci a 24 de Julho de 1950, isto é, um mês após o S. João.
Mas antes da história, gostaria de partilhar convosco uma associação de palavras que me ocorreu ao ler os vossos comentários (especificamente sobre o S. João) gerando uma brincadeira linguística. Assim, o nosso amigo Francisco referiu que iría dar umas " marteladas" ao que o António retorquiu, o que eu acho muito bem, se o Francisco trocava o alho-porro pelo martelo de "plástico" (claro!).
Então, se dar com o martelo são "martelada(s)", será que dar com o alho-porro serão "porrada(s)" Xi! Não sei qual será melhor...
Mas, voltando à história. Vocês prometem que, volvidos que são cinquenta e sete anos, não virem cobrar nada de nada (nem sequer pedidos de justificação)?! OK? Está prometido.
Pois andava eu na barriguinha da minha mãe com oito meses e lá foram os meus pais ao S. João do Porto.Imaginem uma senhora grávida naquele aperto...E quem não gosta não vai! Mas imagem, então, durante mais de 1 hora, mas mais, um fulaninho a dar e dar e tornar a dar com o alho-porro na cabeça da minha rica mãe (lembram-se de eu já ter dito que era e é muito bonita?). E não vão cair em cima de mim, pois não? Olhem que eu ainda estava na barriga da mamã! e VOCÊS PROMETERAM! Pois, eu sei que não se faz (até custa escrever...). Mas lá vai: A Senhora grávida não aguentou mais e pimba: fOI AO ALHO-PORRO E PARTIU-O. É, é isso mesmo. Aqui, devo apresentar o nosso pedido de desculpas (meu e da minha mãe). Quanto à posição do meu pai, pois foi sermão e missa cantada para a minha mãe porque isso NÃO SE FAZ!!!
Olhem que, para a via judicial, o prazo de julgamento deste caso já prescreveu!
Também se percebe o tipo de mulher que será a minha mãe, isto é não faz mal a uma mosca mas quando a mostarda lhe chega ao nariz... é uma MULHER muito decidida.
Noutro S. João, mas cá em Espinho, no Rio Largo, tinha eu os meus dezasseis anos quando me acontece outra peripécia: levei no meu olho esquerdo com o alho-porro! Mas mesmo o alho!! Fora as vezes que apanhei com o dito alho na cabeça. E lá fui eu para casa com o olho do tamanho dum grande nabo...
Que me desculpem Os apaixonados pelo S. João, não pretendo magoar ninguém ( com ou sem alho-porro) mas questiono-me: Será por estas histórias, que não aprecio festas, apertos, confusão? Viajar, isso sim!
Bem, não podia terminar sem elogiar o lindíssimo fogo deste ano, do qual vi un excerto pela televisão...
E mais um provérbio:"Gostos não se discutem" e é por isso que somos "TODOS IGUAIS, TODOS DIFERENTES".
Sejam felizes, cada dia!
Um abraço de Maria da Graça
A ponte da Arrábida foi inaugurada a 22 de Junho de 1963
Mais informações
http://paginas.fe.up.pt/porto-ol/lfp/arrabida.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_da_Arr%C3%A1bida
É hoje! Chegou o grande dia da grande noite! A noite mais longa do ano (pelo menos para mim que sou tripeiro). E estou de partida. Sim. Com a Esmeralda, começaremos dentro de minutos por saborear nas Fontaínhas a ementa pré-definida, passaremos de seguida ao visionamento do fogo de artifício e regressaremos a casa depois de uma passagem pela Avenida dos Aliados. Espero encontrar-vos entre a multidão para vos dar a habitual martelada. Não vou, contudo, sem vos desejar uma noite de folia, diversão e liberdade total de expressão e pensamento.
Um S.João valente para todos vós. Francisco.
De origem europeia, as fogueiras joaninas fazem parte da antiga tradição pagã para celebrar o solstício de Verão. A fogueira do dia de 24 de Junho, na Idade Média, tornou-se pouco a pouco, num atributo da festa de São João, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as festas europeias de São João.
Uma lenda católica, cristianizando a fogueira pagã estival, afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do Verão Europeu, tinha as suas raízes num acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Esta teria de fazer uma fogueira no cimo do monte, para avisar que estava prestes a nascer o seu filho ( João Baptista); assim Maria iria em seu auxílio.
E por falar em tradições do S. João, não podia deixar de referenciar as tradições gastronómicas:
Menu de S. João
Salgados
Caldo verde com tora caseira
Sardinha assada com pimento e batata cozida
Carneiro assado com batatinha
Doces
Farturas
Saudações com água a crescer na boca do Francisco.
Quem não tem nada para fazer no sentido laboral, ou é reformado no pleno uso dos seus direitos ou poderá ser um manguela, parasita que vive à custa do suor que foi derramado pelo primeiro.
Fazendo uso dos conselhos do médico de família, em relação aos desligados da rotina diária da ida para o emprego, cujo lema é “mexa-se pela sua saúde” fui hoje pela Rua da Madeira, (na imagem) não passava por lá há muitos anos. Vai da Praça da Batalha mesmo junto ao hotel Mercure (Grande Hotel da Batalha foi o nome com que sempre o conheci e que perdura no meu subconsciente) e vai até à Praça Almeida Garrett. É bastante desnivelada, parte da rua são escadas donde se avistam os comboios no interior da gare de S. Bento. Junto à estação há os WC mais concorridos da cidade. E a afluência é cada vez maior devido ao fecho de outros que havia – Praça da Batalha e Avenida dos Aliados.
Ali mesmo à ilharga da Praça da Liberdade, R. 31 de Janeiro e Praça Almeida Garrett temos ainda gravada a imagem de dois “gravateiros” ambulantes: um, homem espadaúdo, outro, baixote e anafado. Faziam pouso por ali certamente na mira de negócio com algum provinciano chegado no comboio do Alto-Douro. Na altura do Outono também andava naquele local o “castanheiro” que vendia castanhas cozidas e que trazia dentro dum cesto a tiracolo, coberto com um saco de serapilheira, “quentes e boas”, eram vendidas enfuniladas em papel de jornal (mais tarde em folhas das “páginas amarelas”). Mesmo em frente do outro lado da rua, junto à igreja dos Congregados, a vendedora de raminhos de violetas aliciava os transeuntes apressados em especial os jovens namorados ou até algum maduro a levar lá para casa no intuito de suavizar a relação; a senhora de roupa branca que anunciava “rebuçados da Régua” “rebuçados da Régua”!... também tentava a sua sorte. À hora do almoço o homem da lotaria batia os restaurantes da área anunciando o número da sorte: “p`ra baixo e p`ra cima”, de voz timbrada, que se ouvia à distância, o libidinoso cauteleiro metaforicamente referia-se à terminação de determinado número.... O filho dum gaio com esta treta fazia o gáudio dos comensais, safava a jorna pois havia sempre quem puxasse pelos cordões à bolsa numa atitude bazofiadora enquanto as caras metades esgrimiam um sorrisinho maroto.
Tudo isto foi há 35 anos, que recordo com alguma nostalgia estes usos que se vão perdendo, uns por ordem natural das coisas, outros por imposição de normas da CEE (sobre isto sugiro visionamento de Travessa de Cedofeita onde se vê que uma das razões para o fecho da Casa Margaridense especializada em pão de ló, marmelada e geleia foi o facto de não ser autorizado o aquecimento dos fornos com carqueja que vinha de Castelo de Paiva!...) É pena que a cidade vá perdendo a sua identidade!
Fiquem bem, antonio
A mão amiga do Sr. Maurício Branco colocou-me em mãos um livro que nos ajuda a reviver o S.João no Porto. Trata-se de um guia turístico do Porto, por Noel de Arriaga, edição de 1965 e diz, a páginas 18:
"Festas Populares - Talvez não deva, sem falsear a verdade, afirmar-se que a população do Porto demonstra, no seu viver habitual, vincada exuberância de alegria, embora essa alegria interiormente possa muitas vezes existir.
O facto tem origem na fisionomia um tanto grave da sua gente, na tradicional solenidade dos costumes, no ambiente de trabalho que por toda a parte se vive e se respira.
No entanto, durante as festas dos santos populares (sobretudo na noite de S.João, de 23 para 24 de Junho) o Porto como que «perde a cabeça» e sai inteirinho para a rua, onde a festa é movimentada e rija!
Toda a cidade se transforma então num autêntico mar de luz. Milhares de lâmpadas coloridas formam vistosas decorações de saboroso engenho.
E dança-se e canta-se numa alegria esfusiante.
Rapazes e raparigas, velhos e crianças enchem por completo avenidas e largos, ruelas e pátios, onde bandas de música improvisam bailaricos saltitantes e bandeirinhas de mil cores se agitam em alvoroçado estremecimento.
Nas Fontaínhas é tanta gente que se torna difícil romper. Entretanto, os foguetes estalam, riscando o céu e morrendo em pequeninas síncopes de luz.
Barracas de «comes e bebes»; os tradicionais Zés Pereiras; as orvalhadas; verdes manjericos onde sobressaem cravos de papel, aos quais estão presas deliciosas quadras populares.
E a alegria domina e cresce; os namorados ajustam as mãos numa promessa fugaz; e o céu parece reflectir a exuberância daquelas noites em que, por milagre piedoso de S. João, até os pecadilhos se perdoam e os beijos de amor não passam de simples beijos de amor...
Ao romper da madrugada, extinguem-se ainda os últimos ecos da festa rumorosa, e, nos copos de vidro grosseiro ou nas canecas de loiça, seca a derradeira gota de vinho que alegrou os corações e retemperou as forças."
Saudações sanjoaninas do Francisco.
Comemora-se hoje o dia mundial dos refugiados. Temos mais uma oportunidade para reflectir sobre este assunto.
Saudações livres do Francisco.
Uma das tradições do S. João do Porto é a construção de cascatas sanjoaninas. São duas das cascatas mais premiadas no concurso organizado anualmente pela Câmara Municipal do Porto que aqui quero partilhar convosco. Os arquitectos das mesmas são o Sr. António e o Sr. José Marinho. As obras-primas de imaginação sanjoanina destes dois exemplos de simpatia podem ser apreciadas no Bairro do Carvalhido, freguesia de Paranhos, Porto (bairro da caramila para os mais antigos). É um património que não devemos esquecer e uma das formas de o fazer é visitá-las. Aqui vos deixo uma pequena amostra.
Em direcção ao S. João, continuamos na recta final. Quero partilhar convosco alguns aspectos da festa maior da cidade do Porto. Para tal, há que recorrer aos que mais sabem. Hélder Pacheco está, sem dúvida, entre esses.
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