Com a devida vénia transcrevo a crónica de Manuel António Pina no JN de hoje:
A bem da Nação
"Os funcionários públicos, que prestam serviços públicos, têm de estar acima de muitas coisas. O sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal". Assim justificou a directora regional de Educação do Norte, uma tal Margarida Moreira, a suspensão imediata de um professor que disse uma piada sobre a licenciatura de Sócrates. O professor trabalhava há 20 anos na DREN, isto é, há 5 primeiros-ministros, e não custa a crer que durante esse tempo tenha, como todos nós, os que estão abaixo e os que estão "acima de muitas coisas", ouvido e dito piadas sobre eles, sobre um número indeterminado e indeterminável de ministros e secretários de Estado, 3 presidentes da República, 2 papas e, provavelmente, até sobre directores regionais disto e daquilo. Ou teve muita sorte em nunca ter tido um bufo por perto nem uma directora regional regionalmente ansiosa por mostrar serviço, ou então teve muito azar. Porque o humor, particularmente o humor sobre a licenciatura de Sócrates, mata; contém benzeno, nitrosaminas, formaldeído e cianeto de hidrogénio; e prejudica o esperma e provoca impotência. "Os funcionários públicos, que prestam serviços públicos", devem, pois, abster-se de dizer piadas sobre o caso. Pela sua saúde, que é como quem diz pelo seu emprego.
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