Cabra manca não tem sesta e se a tem pouco lhe presta! Noite gelada e o grupo numeroso de gente madura com agasalhos à maneira, bonés, chapéus e até gorros russos, diga-se, estava ali junto à Igreja da Lapa para ouvir e seguir os passos do sabedor destas coisas Dr. Júlio Couto, comunicador por excelência. Gente interessada, se são sempre os mesmos não interessa, o que também não é verdade. No outro lado da invicta à mesma hora milhares estavam no gélido estádio do Dragão a ver o F.C.Porto – Guimarães.
Da Lapa, uma referência à escola por onde andou Eça e Ramalho Ortigão, pela Rua do Paraíso, onde alguém já escreveu um livro sobre esta rua chegamos ao bairro alto (R. Bonjardim) onde o rei e senhor da zona, Gonçalo Cristóvão se travou em mimos com o Marquês de Pombal que não era pêra doce, e por isso fez-lhe a vida negra. Subimos pela Rua das Musas(aqui nasceu a fadista ...) e entramos na Fontinha cujos resquícios da era industrial ainda se notam por ali. Mais abaixo as Carvalheiras que tal como a Fontinha mantém o mesmo visual de há cerca de 37 anos quando ali perto frequentavamos a Escola do Magistério Primário do Porto na Rua da Alegria. Espaços mortos da cidade que se vão mantendo sem uma intervenção adequada.
Sempre com a obra dos Almadas( pai e filho) como pano de fundo, com a expansão da cidade para fora das muralhas Fernandinas, a caminhada continuou por Sá da Bandeira com as histórias pitorescas do Dr. Júlio Couto, pimentadas com o floreado que só ele sabe dar para bem dispor os acompanhantes. Homem que conhece a cidade ao milimetro com a vantagem de ter o conhecimento e de ter nascido no coração da urbe. Entramos na Rua de Santa Catarina que podemos dizer é onde agora o Porto mais ferve, sempre a referir-nos ora aquela placa num prédio onde casou Camilo, outra onde nasceu Arnaldo Gama ou a chamar a atenção para a estatueta de Santa Catarina no gaveto com R. de Passos Manuel e mais à frente junto à Batalha no frontal da livraria Latina o busto de Camões. Do outro lado da rua no gaveto com a R. 31 de Janeiro, ao mesmo nível, o busto da sua amada.
A paixão com que Júlio Couto fala do Porto deixa-nos arrebatados! ...
Saudações, antonio
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