A 24 de Fevereiro do ano 1582, foi decretada a reforma do calendário juliano, então em vigor. O novo calendário - o calendário gregoriano - entrou em vigor em Outubro do mesmo ano.
A adopção da reforma gregoriana, assim chamada porque foi decretada durante a vigência do Papa Gregório XIII, veio corrigir o calendário que vigorava e que, devido a erros nos cálculos, se tinha desviado em vários dias de um verdadeiro ano solar. Contudo, as motivações por detrás da alteração foram mais religiosas que práticas: na base da questão, estava a necessidade de celebrar a Páscoa na altura certa. O dia em que os cristãos assinalam a Ressurreição de Cristo é calculado com base no equinócio de Março, fixado a 21 desse mês. Contudo, no século XVI, o calendário civil já se tinha afastado de tal forma do ciclo solar que havia uma diferença de cerca de dez dias entre o dia 21 de Março e o verdadeiro equinócio, que é um dos dois dias do ano em que a noite e o dia têm exactamente a mesma duração. A solução encontrada implicou “saltar” dez dias no calendário. Assim, em 1582, passou-se directamente do dia 4 para o dia 15 de Outubro.
Feito aquilo que aparentemente era o mais difícil, isto é, a reforma em si, veio a complicada situação da adopção, com todas as implicações burocráticas que daí advinham. Portugal foi dos primeiros países a fazê-lo, logo no primeiro dia, juntamente com Espanha, a maior parte de Itália e a Polónia e Lituânia, que na altura constituíam um só país. As dificuldades de comunicação levaram a que as colónias a aplicassem com algum atraso. A situação tornou-se muito complicada noutros pontos do mundo e também na própria Europa, onde o calendário Juliano ainda era usado, em particular, nos países protestantes ou ortodoxos, que desconfiavam de tudo o que viesse da Igreja Católica. Com a adopção do novo calendário pela Grécia, em 1923, a situação ficou resolvida.
Hoje, os únicos pontos onde o calendário juliano subsiste são algumas das Igrejas orientais, católicas e ortodoxas, que se guiam pelo Velho Calendário, para todo o ano litúrgico, em alguns casos, ou apenas para as principais festas, como o Natal e a Páscoa, noutros.
Com o passar dos anos, são já treze os dias de diferença entre os dois calendários. Neste contexto, o Monte Athos, uma península autónoma gerida por comunidades de monges ortodoxos na Grécia, reúne a particularidade de ser o único espaço geográfico onde o calendário civil continua a ser o juliano. Assim, qualquer pessoa pode experimentar avançar treze dias no tempo. Qualquer pessoa, isto é, que seja do sexo masculino, porque no Monte Athos não é permitida a entrada de mulheres.