Eu sou do tempo dos escudos e dos tostões. Isso é bom ou é mau? Eu sou do tempo dos guarda-florestais. Isso é bom ou é mau? Para mim é mau porque revela que já tenho uns anos de existência. Para o país e para a floresta nacional, o guarda-florestal é bom. Era uma figura que conhecia muita gente e que era conhecida de outra tanta. Qualquer cara estranha ou «estrangeiro» era logo alvo de apertada vigilância. Assim, a sua existência e/ou a sua presença era mais do que intimidatória. E o guarda-rio, lembram-se dele? E os cantoneiros? Essas figuras que nos saudavam quando passávamos com o nosso carro pela estrada da serra e que, entre as passagens de carro, carreira ou camião, iam cortando o mato e as ervas que ladeavam as estradas nacionais. Mas para que é que eu estou para aqui com esta conversa toda? Estou a falar-vos de autoridades que existiam num país onde já houve autoridade e justiça e outros valores. De que servem agora os agentes de autoridade? Apenas servem para garantir a ordem pública quando se juntam 28 000 pessoas a assistir a um desafio de futebol. Aí si, aí não faltam agentes de autoridade. À porta das escolas não é preciso. À porta dos bancos também já não é preciso. Era o Fado, o Futebol e Fátima? Pois que fossem. E depois? Agora temos aí as chamas a levar tudo à sua frente. E o que é mais curioso é que a maior parte dos incêndios tem nascido já com o sol posto. É o calor da lua? Ai Portugal, Portugal, para onde te levam?
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