Os que escrevem e comentam neste espaço têm primado pelo respeito por áreas sensíveis como a política, a religião, os clubes de futebol e sexo. Todavia, que me perdoem os meus colegas de escrita mas é ímpossivel não falar, neste momento, de política. E falar de política do nosso país é, neste preciso momento, falar de um pedido de demissão do primeiro-ministro, da queda do governo, do papel do presidente da república e de eleições. É falar também de uma enorme dívida que Portugal tem e que tem amortizar já no próximo mês de Abril de 2011. É falar de muitos milhares de milhões de euros. Entretanto, falemos de valores mais "terrestres". Se uma família se encontrar endividada e deixar de cumprir os seus compromissos, o que fazem as instituições financeiras suas credoras? Não sei mas presumo que acione mecanismos de resgaste dos bens hipotecados. Ora, passando para o país, se Portugal não cumprir com os seus compromissos financeiros, o que vai acontecer? Mudando de agulha mas não de assunto, vi e ouvi hoje um programa na RTP intitulado LINHA DA FRENTE. Nele, o assunto versado foi a dificuldade com que vivia uma família portuguesa que já viveu bem. Foi rotulada pela edição do programa, de família da classe média, visto que o pai era desenhador da construção civil e a mãe era empregada de escritório de uma empresa sólida. Ambos ficaram no desemprego e com dificuldades, com um filho a frequentar o ensino superior. Foi dito que ele ganhava, em média, dois mil euros mensais e não foi dito quanto ganhava a esposa mas presumo que ganharia metade do marido. A reportagem estava bem feita e, na minha ótica, estava ali o retrato de muitas famílias portuguesas atuais. Se também era objetivo da reportagem mostrar a força de vontade daquela família em superar as dificuldades, penso que foi conseguido. Há, no entanto, umas palavras que saíram da boca daquela mãe que me marcaram e que retrataram uma época: " - Nós tínhamos uma vida boa, normal e até fazíamos férias." Até fazíamos férias... Como se fazer férias fosse uma coisa obrigatória, essencial, primordial, principal, enfim... Ah, eu não sei quanto custa mas presumo que a senhora se tenha referido a fazer férias de gastar apenas aí uns mil ou dois mil euros, não? Os meus pais nunca fizeram férias... Tantas famílias que nunca fizeram férias... É um direito que todos têm, lá isso é verdade e já há uns anos que os trabalhadores têm direito às suas férias. Mas convenhamos que quando se ouve dizer "fazer férias" sabemos que não é o mesmo que "ter férias". "Até fazíamos férias." Se calhar, muitas famílias fizeram vida de rico com porta-moedas de pobre... Se calhar, Portugal fez vida de rico...
Saudações paranhenses do Francisco.
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