Estava-se no 1º de Maio de 1972. Uns dias antes era feito o apelo clandestino para a concentração na Praça da Liberdade. À medida que a massa estudantil se ia aglomerando o oficial subalterno do temido comandante da polícia major Santos Junior de megafone em punho em alto e bom som " dão-se cinco minutos para as pessoas dispersarem" "as forças da ordem irão agir se as minhas ordens não forem acatadas imediatamente".
As manifestações eram proíbidas e eu mero espectante e não anti-fascista convicto algumas correrias tive de efectuar à frente do cacetete dos chuis.
A calçada portuguesa, agora destruída, fazia parte intrínseca destas vivências dos tripeiros e eram testemunhos das alegrias e tristezas dos operários, comerciantes, estudantes e intelectuais.
Que vemos agora? Uma área deserta cujas mais valias só estão na cabeça petrificada dos seus autores certamente a pensar em utilidades dúbias: feira do livro? (Menezes quere-a na marginal de Gaia); quiça local para a feira dos passarinhos e das melgas? Para as manifestações clubistas dos dragões não me parece, pois agora há a ampla Alameda das Antas à ilharga da catedral, leia-se estádio do Dragão.
Agora que a obra está praticamente terminada, sugere-se a colocação de uma estátua ao autor, no dia da inauguração para no dia seguinte ser decapitada tal como aconteceu ao Antoninho de Santa Comba ( este manteve Portugal atrasado mas ao menos deixou as finanças de boa saúde, devoradas pelos vampiros que se seguiram). Sim, porque o autor deste eirado tem feito obra!... que o digam também os Vilacondenses, os Leceiros ou os Madrilenos!...
C/a faca afiada, antonioduvidas
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