Todo o prof. deve ter sensibilidade para a preservação ambiental e crítica sideral para os perturbadores. Transcreve-se um artigo de opinião que saíu no JN de 16/07/2006 da autoria deste V/amigo.
"O calor sufocante não convidava a ficar em casa. Então, qual andarilho errante, fui dar uma volta (ñ foi ao bilhar grande) à Baixa do Porto. Utilizei o transporte público até ao largo Soares dos Reis, onde funcionou a PIDE de má memória. A partir daí fui, a penantes, calmamente a observar a nobreza dos trabalhos de cantaria nas fachadas das casas da Av. Rodrigues de Freitas - nobres arquitectos do sec XIX e princípios do sec. XX.
Cheguei à Praça da Batalha onde vejo D. Pedro V apaparicado pelo esvoaçar das pombas que lhe fazem guarda com um ou outro pardalito intruso. Nos bancos e cadeiras em redor do pedestal, reformados e outra gente que nunca trabalhou com olhar de carneiro mal morto. Quanto à renovação desta praça, no âmbito do Porto 2001, quem gostar que lhe faça proveito, quanto a mim, vai no Batalha!... Foi mais uma intervenção de tanga!... Baralhar para ficar pior! Filhos dum gaio!... Só sabem gastar o nosso pilim de qualquer maneira.
Enfiei-me pela histórica rua de Cimo de Vila onde abundam as lojas dos chinocas ostentando ainda, à face da rua, as insígnias da pátria de Camões e outros artefactos nacionalistas ao preço da uva mijona!... Portugal! Portugal!... E entretanto o nosso comércio tradicional a passar as passas do Algarve. À porta da obra social da Ordem do Terço, gente de famílias desestruturadas à espera da "sopa dos pobres". Outrora, nesta rua, por aqui abundavam as garinas que, nos portais, fulminavam com o olhar adesivo e convidativo os mancebos e outros mais maduros que andavam aos caídos... Era um ver se te avias, portuga, ao preço corrente!...
Desci até à praça Almeida Garret, ainda em obras devido ao metro, e aí fiquei qual patêgo acabado de chegar da parvalheira, a olhar, boquiaberto para a imponência do edifício da Estação de S. Bento que não deixa mechas ao antigo convento Avé Maria que existia nesse mesmo local.
Uns metros mais à frente entro no local do crime - Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados. Posiciono-me, tenso e hirto, no passeio das Cardosas e lanço o olhar avenida acima e aí estremeço e depois fico gélido perante tal carnificina!... Um eirado de cubos graníticos, made in China! É preciso ter estômago!...Mas, volte face, por momentos fecho os olhos e numa retrospecção, vejo a outra Praça da Liberdade e Av. dos Aliados com os seus canteiros de flores e os trabalhos de grande beleza de calcetaria, do início do século passado. Reformados sentados, em bancos a sério, vigiavam os netos que brincavam... Foi uma momentânea miragem.
Outrora esta praça que era de D. Pedro, tomou a designação de Praça da Liberdade para honrar os bravos herois que nela foram enforcados a quando das lutas entre liberais (D. Pedro) e absolutistas (D. Miguel).
Pois não direi que igual sorte deviam ter aqueles que fizeram estas malfeitorias, ou que autorizaram, mas que a revolta é grande, lá isso é!...
A renovação da Baixa tem sido muito ventilada nos media e também nos blogs. Cinza Vieira, principal mentor, tem levado porrada grossa e de gente que sabe da poda. Se o homem não gosta das flores é lá com ele. Agora não queira obrigar os outros ao mesmo diapasão. Quanto a mim, uma vez mais senti necessidade de partilhar convosco este desabafo, de chover no molhado. Quando temos algo para dizer, se lançarmos um grito do epiranga ficamos mais aliviados - é o meu caso.
Antonio Pinto Gonçalves
Valbom - Gondomar"
Então com um abraço de liberdade, antonio
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