Aqui há uns anos quando era prof. fiz, com uns amigalhaços de profissão, por duas vezes, a viagem pela linha do Tua. Iamos aqui do Porto na linha do Douro até à estação do Tua e aí apanhavamos a via estreita - linha do Tua. Da primeira vez ainda o comboio chegava a Bragança, ficamos por Romeu. Na segunda fomos até Mirandela terminus da linha. Era ainda o comboio - máquina a diesel que puxava uma carruagem que fazia as delícias sobre a vista soberba ao longo do rio. Podíamos, podiam os turistas, caçar as melhores imagens através das janelas que se podiam abrir. Aqui não havia tempo para ler o jornal como numa viajem Porto-Lisboa, mas antes sem perder pitada, observar a paisagem. Agora temos sobre carris um autocarro, dão-lhe o nome de metro, com a modernidade do ar condicionado mas redutor no pitoresco.
Franc. que também andou pela linha do Douro, mas não passou pelo local do crime, sabe bem do bucolismo destas linhas férreas. Atempadamente fiz-lhe ver a espectacularidade da linha do Tua, agora posta ao conhecimento, por razões trágicas, de todo o país.
Antes deste acidente acontecer tinha já programado com um bacano que fez comigo a guerra colonial percorrer mais uma vez esta espectacular linha lá para a Primavera. Espero que os nossos desejos se realizem e que este grave descarrilamento não seja motivo para a fechar, antes melhorá-la e assim homenagear os nossos antepassados que há 120 anos cavaram a pá, picareta, dinamite e muita força humana a escarpa em toda a extensão da linha.
PS: A chegada do comboio, há 120 anos, a Trás-os-Montes foi um acontecimento que nós hoje à distância não sabemos compreender. Ainda não havia meios rodoviários - o primeiro automóvel entrou em Portugal em 1895. As pessoas andavam horas a pé para apanharem o comboio na estação mais próxima e assim chegarem à civilização urbana - Porto ou Lisboa.
Sejam felizes, antonio
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