Os autores deste jornal virtual cumprimentam todos os que passam os olhos pelos assuntos destas páginas.
Terça-feira, 29 de Maio de 2007
Eu sei que vou partir a loiça toda...II

No passado dia 21 de Maio publiquei um artigo neste blog, relatando um facto ocorrido comigo (enquanto director de uma EB1/JI do Porto), com a subdirectora do mesmo estabelecimento e com o professor Fernando Charrua, da DREN, na qualidade de técnico superior pedagógico incumbido de dar despacho a um recurso hierárquico apresentado por um encarregado de educação de uma aluna do referido estabelecimento que tinha sido retida pela docente da turma e pelo conselho escolar a quem a docente levou o caso, dada a dúvida que a avassalava.

Publiquei este artigo naquele dia pelo facto de ter tido conhecimento no mesmo do nome do professor a quem a DREN tinha instaurado um processo disciplinar.

Como o referi no artigo, ergui de imediato as minhas mãos aos céus e fui invadido por aquele sentimento característico de quem vê ser feita justiça.

Naturalmente, a mediatização que o caso foi tendo provocou uma avalanche de opiniões que, em catadupa, se perfilavam maioritária ou mesmo exclusivamente, pela solidariedade para com  o tal docente que estava a ser alvo de tamanha injustiça.

Sentia que, quem me ouvia contar o sucedido, ficava admirado mas não convencido. Talvez o Francisco esteja enganado e não seja a mesma pessoa.

Inclusivamente a família punha em causa a minha memória e questionava se eu estava seguro do que afirmava. Se teria sido, realmente, com aquele docente.

Eu só tinha uma coisa a fazer e fi-la. Peguei no telefone, liguei à minha colega subdirectora e respirei de alívio. Eu não estava nem estou enganado. Confirmou na totalidade tudo o que eu aqui e no artigo de 21 de Maio disse. Confirmou que mal viu a fotografia do docente a quem tinha sido instaurado processo disciplinar se lembrou logo dos breves minutos que o tivemos à nossa frente a insultar-nos não só a nós, pessoalmente, mas também a toda uma classe profissional perante a qual se considera superior. E, como já vos contei, o processo disciplinar que me foi instaurado por não terem sido cumpridos os prazos legais estabelecidos pela DREN, terminaram com aplicação de pena suspensa e com a deliberação de não constar do registo biográfico. Tudo porque a direcção da EB1/JI não sabia qual o conselho escolar que deveria fazer a reavaliação da aluna, não tinha recebido instruções sobre esse facto, ninguém as sabia dar na DREN e o próprio técnico superior pedagógico, depois dos insultos proferidos, resolveu informar oralmente a direcção da escola que era o conselho escolar que estava em exercício naquele momento. Erradamente. Depois da reavaliação efectuada, a DREN sempre através do mesmo funcionário informou por escrito que, afinal, quem deveria fazer a reavaliação seria o conselho escolar que considerou retida a aluna.

Tudo isto se passou há mais de 6 anos, claro. Como já repararam, não falo em coordenador de estabelecimento mas sim em direcção de escola, como havia ao tempo, com as figuras de director/a e de subdirector/a. Não falo em agrupamento vertical nem horizontal. Os colegas que me lêem conseguem contextualizar.

Todavia, há quem não o consiga fazer. Há quem tenha perdido a memória e não se recorde de factos com mais de 6 anos. Há quem dê o seu número de telefone convicto de que vai ter o prazer de repetir insultos. Há quem goste de chamar mentirosos aos outros. Há quem, passados estes anos, continue a dizer que os outros só sabem escrever textos confusos. Há quem sacuda a chuva do capote. Há quem não reconheça nada nem ninguém. Tudo lhe é estranho.

Querem a prova disso? Aqui está meus caros, a resposta do professor Fernando Charrua, integralmente copiada do comentário que deixou em 28 de Maio. Mais palavras para quê? 

«De Anónimo a 28 de Maio de 2007 às 22:13
Daqui fala mesmo o Prof. Fernando Charrua. Antes de fazer acusações gratuitas, veja e certifique-se de quem fala. Não o conheço, nunca o atendi, não tenho assessoras e não trabalho com o 1º ciclo há mais de 6 anos. Deve estar confundido , como confundido é o seu texto. Nunca atendi ninguém como afirma . Para mim, o que o sr . escreveu é realmente revoltante, mas deve estar a referir-se a outra pessoa qualquer . Sabe? Em 2002, fui trabalhar para outro sítio, e juro-lhe que está confundido. Não trabalho no sector do 1º ciclo há muuito tempo.Não seria o Director de serviços pedagógicos Zeferino Lemos?
Se assim foi atendido, lamento. Envergonho-me de pertencer a uma classe de dirigentes que assim tratam os cidadãos. Creia que o não critico pelo que escreveu, já que foi um desabafo de alma.
Li e reli o seu texto, e não reconheço nem uma das suas palavras. Rigorosamente o caso não se passou comigo. telefone-me e tiraremos as dúvidas. o meu telefone é o 225501952. Cumprimentos: Fernando Charrua.
PS: O que escreveu é grave, mas uma mancha desse sangue em toalha de linho branca , custa e demora a sair. Faça um esforço para retirar a nódoa que me imputa. Não me conhece, porque se me conhecesse jamais teria utilizado no blog o meu nome já que sou conhecido por ser sério, justo e até meigo com os docentes colegas que me visitam e pedem para falar comigo na DREN ... pediam!»

Saudações calorosas do Francisco.


Música: 'Acordai' FERNANDO LOPES-GRAÇA
Sinto-me: Aposentado mas não confundido
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Publicado por caminheiro1 às 22:05
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6 comentários:
De prof a 29 de Maio de 2007 às 23:37
Olá Francisco. Li com atenção quer quer o teu relato quer a resposta. Na verdade este blog tem muitos leitores - até de quem não se esperava.


De antonioduvidas a 30 de Maio de 2007 às 09:37
Já tive aqui oportunidade de comentar o "caso Charrua" que foi uma maldadezinha que lhe fizeram certamente no espírito de bem servir e a Federação rosácea agradeceu com "yes man", neste caso, "yes woman". Trouxe até à colaça aquela máxima de Jorge Coelho "quem se mete com o PS leva" (Coelho sobre este caso não concordou).
Quem não se sente não é filho de boa gente, diz o rifão popular e aqui estou a referir-me ao Sr. Francisco que sentiu na pele o vexame que descreve e que acredito. Sabemos como as coisas funcionam, quando temos necessidade de falar com estruturas intermédias ou de topo. A seca de fazer esperar 1.30H é por si só um cartão de visita que marca a distância!...
Como isto aconteceu já há uns anos dou de barato que o Sr. Prof. Charrua não se lembre - devem ter sido tantos os casos que lhe passaram pela mão e ainda por cima com um intervalo na Assembleia da República!
Agora não é bonito é de ver chutar para canto dizendo que certamente Sr. Francisco teria sido atendido pelo Director dos Serviços Pedagógicos (fulano).
Finalizando, estou certo que o Sr. Prof. Charrua por muitos anos que viva e esperamos muitos não se vai também esquecer desta saída intempestiva da DREN (amenizada pelos apoios que certamente tem recebido).
O raio da vida é feita de prós e contra.
(antonio)


De Maria da Graça a 30 de Maio de 2007 às 18:40
Francisco

Bem... Muito havia para dizer... É que, são, pelo menos, 36 anos de leccionação e quem passou por lá compreende perfeitamente o teu artigo. Aposentados já, começamos a ficar cansados de NÃO SE PODER FALAR! É uma vida inteira, a dizerem-nos:"-Não fales por isto ou aquilo" e a incutirem-nos, até os próprios colegas, medo de emitir opiniões. Afinal, como "Educadores" (do que temos tanto orgulho), parece que pretendem ensinar-nos a sermos cobardes. Chega!
Mas, por onde anda o direito à opinião com a sua responsabilidade consequente?
À pessoa que és, idónia e correcta, por certo, nunca irias publicar um assunto destes sem que fosse verdade.
Bem, ainda cheguei a pensar, vejam lá a coincidência, não é que haverá duas pessoas distintas com o mesmo nome?!
Mas tudo corre a teu favor ( e sabes porquê? porque a verdade bem sempre ao decima), pois se até tens uma testemunha, alguém que corrobora tubo o que narraste.
É com tristeza que concluo que, após 56 anos de vida, ainda vejo que " a coragem paga-se caro" e que quem luta pela justiça em defesa das crianças e pela dignificação do ensino e da classe, passa mal. Falo por mim. Também teria muito para contar... Desculpem-me, mas as verdades têm que ser ditas: Quantas vezes, quando mais precisámos, os nossos superiores ( pelo menos, alguns) nos abandonaram, mudaram de opinião ou pura e simplesmente, nem sequer nos respondiam ( quando especificamente, pedíamos orientações de trabalho e, até na qualidade de director de escola)? Para esclarecer, informar o(a) director(a) de escola, este(a) era, até ignorado, mas para ser"castigado" já não se esqueciam dele, só por ter cometido o erro de ser director de escola.
Embora a questão da aluna, e do seu encarregado de educação, não sejam relevantes, permitam-me referir que ( se a prof da aluna e o conselho escolar tiverem actuado correctamente e quero crer que sim, com tudo em acta, o assunto estava concluido por natureza). isto é, esse conselho escolar era autónomo para encerrar o assunto. E quantas vezes nos tiraram o tapete debaixo dos pés. Quantas vezes, desautorizaram o professor e/ou a classe?
Que fique bem claro já o devia ter dito, que não trabalhei no concelho do nosso colega Francisco, mas que pertenci à mesma D.R.E.N. lá isso pertenci...
É, por estas e por outras, que somos a classe que somos...
Colegas, cada um de nós faz a nossa classe.
Dignifiquêmo-la, mesmo que aposentados.

Um abraço Francisco
de Maria da Graça


De Anónimo a 30 de Maio de 2007 às 19:38
Meu caro Francisco exija aos jornalistas que informem, eles possuem todos os dados, mas preferem criar um herói antifascista, um pobre social democrata perseguido, (é espantoso agora até sobra para o actual Director de Serviços). Os jornais que informem que terminem com a mentira instalada que só pretende criar uma cortina de fumo. Mas se quer saber mais vá ao café Muxagata , é perto da DREN , pergunte o que se passou e ESCREVA


De trocapalavras a 2 de Junho de 2007 às 00:11
Francisco, que nunca te doam as mãos por tantas verdades escreveres. A nossa longa carreira profissional, foi tantas vezes traçada e arranhada por longas horas de espera, por respostas frias e inconclusivas... Muitas vezes tínhamos de seguir viagem, sozinhos e sem certezas!... Foram longos anos de muito trabalho, por estradas bem sinuosas.
Colegas tudo valeu a pena, pois a nossa preocupação foram sempre as crianças e foi por elas que sempre demos a cara... Graças a Deus que pedíamos para alguém que fazia parte da nossa vida - a criança -
Um abraço da Porcina


De Luis Simões a 2 de Junho de 2007 às 15:45
Sou mais novo em idade mas já conto muitos anos de serviço no ensino. Choca-me ver pessoas com tanta coisa calada e muito sentida. Não se esqueçam que foram os professores da geração anterior à minha, da minha geração e da geração posterior à minha. Que valores transmitiram? Escondem-se por detrás de um blog que é público para dizer mal de tudo e todos. Pergunto: que fizeram para a mudança enquanto educadores? Porque há pessoas que se escondem no anonimato e parecem ser os bufos que conheceram no anterior regime? Não se esqueçam que enquanto educadores que foram são os responsáveis pelas gerações que por vós passaram. Um memorial do lamento … ? Agora que são reformados e não estão no activo para melhorar o que lamentam?
É difícil sentirmo-nos responsabilizados pelo que fizemos e muito mais termos sentido critico. Muuuuuito poucos sabem o grau da sua responsabilidade no ensino e o que é o sentido critico no exercício da profissão. Não nos escondamos. Não foi no antigo regime que fui educado. Pelos meus pais e educadores aprendi a assumir as consequências da minha liberdade (valor que me é muito caro e que parece ser desconhecido pelos que assinam este blog, quer sob a forma anónima ou não … . Isto a julgar pelos escritos).. Acreditem que já se passaram muitas coisas no âmbito do meu exercício profissional.


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