Quem não tem nada para fazer no sentido laboral, ou é reformado no pleno uso dos seus direitos ou poderá ser um manguela, parasita que vive à custa do suor que foi derramado pelo primeiro.
Fazendo uso dos conselhos do médico de família, em relação aos desligados da rotina diária da ida para o emprego, cujo lema é “mexa-se pela sua saúde” fui hoje pela Rua da Madeira, (na imagem) não passava por lá há muitos anos. Vai da Praça da Batalha mesmo junto ao hotel Mercure (Grande Hotel da Batalha foi o nome com que sempre o conheci e que perdura no meu subconsciente) e vai até à Praça Almeida Garrett. É bastante desnivelada, parte da rua são escadas donde se avistam os comboios no interior da gare de S. Bento. Junto à estação há os WC mais concorridos da cidade. E a afluência é cada vez maior devido ao fecho de outros que havia – Praça da Batalha e Avenida dos Aliados.
Ali mesmo à ilharga da Praça da Liberdade, R. 31 de Janeiro e Praça Almeida Garrett temos ainda gravada a imagem de dois “gravateiros” ambulantes: um, homem espadaúdo, outro, baixote e anafado. Faziam pouso por ali certamente na mira de negócio com algum provinciano chegado no comboio do Alto-Douro. Na altura do Outono também andava naquele local o “castanheiro” que vendia castanhas cozidas e que trazia dentro dum cesto a tiracolo, coberto com um saco de serapilheira, “quentes e boas”, eram vendidas enfuniladas em papel de jornal (mais tarde em folhas das “páginas amarelas”). Mesmo em frente do outro lado da rua, junto à igreja dos Congregados, a vendedora de raminhos de violetas aliciava os transeuntes apressados em especial os jovens namorados ou até algum maduro a levar lá para casa no intuito de suavizar a relação; a senhora de roupa branca que anunciava “rebuçados da Régua” “rebuçados da Régua”!... também tentava a sua sorte. À hora do almoço o homem da lotaria batia os restaurantes da área anunciando o número da sorte: “p`ra baixo e p`ra cima”, de voz timbrada, que se ouvia à distância, o libidinoso cauteleiro metaforicamente referia-se à terminação de determinado número.... O filho dum gaio com esta treta fazia o gáudio dos comensais, safava a jorna pois havia sempre quem puxasse pelos cordões à bolsa numa atitude bazofiadora enquanto as caras metades esgrimiam um sorrisinho maroto.
Tudo isto foi há 35 anos, que recordo com alguma nostalgia estes usos que se vão perdendo, uns por ordem natural das coisas, outros por imposição de normas da CEE (sobre isto sugiro visionamento de Travessa de Cedofeita onde se vê que uma das razões para o fecho da Casa Margaridense especializada em pão de ló, marmelada e geleia foi o facto de não ser autorizado o aquecimento dos fornos com carqueja que vinha de Castelo de Paiva!...) É pena que a cidade vá perdendo a sua identidade!
Fiquem bem, antonio
Os meus links