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Quinta-feira, 23 de Agosto de 2007
Os carros das vacas

Os carros das vacas tinham na minha terra esta designação pois eram estes animais que ajudavam o homem nas várias tarefas agrícolas como lavrar e puxar o carro.
Os da imagem estão já numa semi-paralização, pois muito raramente saem debaixo do alpendre. Vários factores contribuem para isso: por um lado há menos lavradores, menos gado e menor rentabilidade agrícola, por outro a mecanização e a globalização.
O carro em primeiro plano é mais antigo, está equipado com uma sebe. A cabeçalha e as chedas, nestas estão implantados os tornos para uma boa amarração, são de castanho, já o chadeiro é de madeira menos nobre, geralmente pinho. As rodas são de madeira dura, geralmente sobreiro ou carvalho. As cambas, duas em cada roda, são presas ao meão pelas relhas. Circularmente o trilho pregado com cavilhas. O eixo é de madeira de lodão e apertado ao chadeiro pelos cocões, cantadeiras e pescazes numa perfeita engenhoca para bem girar.
Como actualmente já muito poucas pessoas estão familiarizadas com estes nomes da ruralidade deixo aqui uma comparação com os actuais nomes de um veículo automóvel. Assim podemos arriscar:
- cabeçalha e chedas: longarinas
- chadeiro: chassis
- meão e cambas: jantes
- trilho: pneu
- cocões e cantadeiras: sistema de rolamentos
Fiquem bem, antonio
De
Franc a 25 de Agosto de 2007 às 00:10
Que belas recordações tu me trazes meu caro! Em Cabeçais , aldeia da freguesia de Fermedo , concelho de Arouca, nos idos anos da década de 60 do século XX, que saudades eu tenho de ir em cima de um carro destes, puxado por dois bois castanhos, obedecendo cegamente à ordem do Sr. José da Casanova: " -Segura-te bem à sebe, Chico." Isto, quando íamos buscar pasto. Na vinda, eu já vinha sentado uns bons metros acima do chão o que fazia com que tivesse viajado muitas vezes deitado, de cu para o ar e de braços bem abertos para me agarrar à erva. Parece que estou a sentir aquele cheirinho no nariz...E o mais curioso é que apanhei cá um destes sustos quando, na primeira viagem de regresso, deixei de ver e ouvir o Sr. José a tocar os bois. É que eles sabiam o caminho de regresso a casa e, assim, o Sr. José podia cortar caminho. Muito obrigado, António.
Vá lá, vá lá Franc. ... também tens uma costela rural!...
(antonio)
De ana luisa a 31 de Agosto de 2007 às 10:27
Lindo!!
Eu nunca andei num, mas não esqueço o som dos carros de bois nas ruas da aldeia onde ia passar férias. Fomos uns privilegiados... férias em casa dos avós, carros de bois, ida à fonte e ao campo apanhar lenha para a lareira!!
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